sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Mas pior que o fim do mundo, para mim é o fim do mês"

Eu queria que esse blog fosse um pouco menos pessoal e um pouco mais profissional (não sei nem se é certo classificar assim, mas...). Acontece que tenho essa dificuldade em separar as coisas, pq vivo tudo muito igual, dou muito valor pras coisas e pros sentimentos.
E se eu tentasse justificar essa falta de separação nas coisas, diria que é porque sem uma não existe a outra. Tudo o que faço é fruto ou reação das coisas que passo ou que evito passar. Simples assim.



Quando estava deprimida, usei a culinária e consegui melhorar consideravelmente, apenas um dos milhares exemplos que sou capaz de dar. Não só como exemplo, mas ouso dizer que como também um conselho. Essa coisa de querer canalizar seus sentimentos em coisas diferentes, mais precisamente em ações, afazeres, acredite em mim se eu disser que, às vezes, até limpar a casa pode te ajudar.

Ser humano é esse mix de emoções e sentimentos diferentes que a gente sente a cada dia, cada hora. Existem casos em que se resolvemos expressar essas emoções podem realmente sair coisas uteis.  Vou me aliar a arte, pq acho que não existe nada mais próximo da gente do que a arte. A arte esta para todos, sem qualquer distinção ou preconceitos. Pobres, ricos, lindos, feios, brancos, negros índios. Arte depende única e exclusivamente do ponto de vista de quem a vê e de quem a fez. É só o que importa.
Uma musica, uma pintura, uma roupa, uma casa, um jardim, quem nunca experimentou, devia tentar pra conhecer essa sensação de CRIAR algo. De produzir a sua maneira.
O bom da arte é que você pode, através dela, expressar QUALQUER sentimento... mesmo que por meio de palavras, tintas, notas ou acordes, linhas ou massas, qualquer sentimento pode ser exposto, ou somente liberado. Experimente sovar uma massa imaginando a cara/pescoço daquela pessoa que arruinou sua vida recentemente e sinta o prazer.

Não era nada do que eu pretendia falar no fim das contas, mas acho que consegui fazer uma justificativa meio convincente. Quero falar desse sentimento que todo mundo sente quando chega o fim do ano. Essa mistura de dever cumprido com certa nostalgia. Dezembro é um mês um tanto superestimado, é dado como o prazo final (ainda que seja o que realmente significa no ano, como um todo).
Chega essa época do ano e mesmo quem não fez nada o ano inteiro parece de repente se preocupar, é aquele filme da vida da gente passando diante dos olhos antes de morrer. De repente todo mundo se importa, todo mundo faz, todo mundo participa, todo mundo quer e todo mundo gosta. Coisa que dificilmente vemos durante os outros meses do ano.

O fim do ano traz a tona essa imagem de que deveríamos ter sido assim ou assado, como se tudo o que você viesse a fazer em dezembro, de repente consertasse tudo o que ficou pra traz.

Gosto muito desse poema:

“A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.”

(Mário Quintana)


Porque me faz perceber como é inútil essa divisão de tempo que fazemos. A verdade é que enquanto soubermos que existe um depois, um daqui a pouco, o amanhã, os mais 15minutinhos na hora de acordar, a meia horinha depois do almoço, faríamos tudo tão diferente. Me arrisco em dizer que arriscaríamos mais e viveríamos mais intensamente.

Dezembro ou julho, ou janeiro, ou abril, ou setembro, dia sim dia não, daqui meia hora... não é assim que se vive a vida, por dias,  por datas, por meses, por épocas. Se vive a vida por sentimentos, eles é o que nos movem acima de tudo, se fosse fácil assim (baseado no tempo) compreender a vida não precisaríamos reclamar tanto dela.

Durante todo esse ano de 2011 eu nada fiz, e não é como se eu deixasse de sentir essa “agonia” do fim do ano. Mas também não me preocupo com o que fiz ou deixei de fazer, sei que vivi a minha maneira, se foi ruim ou bom, há coisas que só saberei a longo prazo (porque sei que ele existe).

Estamos acomodados com o tempo. Sento e espero que as horas faça por mim, que a “hora certa”  apareça, que o tempo apague da minha memória, queremos que o tempo viva pela gente. Viver: estamos definitivamente fazendo isso errado.

Se reparassem que em dezembro vivemos sem essa questão do amanhã. As festas de começo/fim de ano, até o carnaval. Aquela sensação de liberdade, não tem tempo, só se vai vivendo. E geralmente nos divertimos tanto! Por que não trazer isso para o restante do ano?
Vai que melhora e ainda faz faltar ~tempo~ pra reclamar.



ps: pra compensar vou postar uma receita fácil, pratica e deliciosa ainda hoje. yummy!

Um comentário:

  1. Adorei seu post. Cheguei aqui por acaso, por estar me permitindo o ócio e gostei. Abraço Fê

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